A trajetória de resistência de mulheres agricultoras do litoral Norte gaúcho, que transformaram o cuidado com a saúde em um ato político e comunitário, é o eixo central do livro Mulheres, Plantas e Luta: histórias da farmacinha comunitária Filhas da Esperança.
A publicação será lançada em três eventos abertos ao público, nos dias 23, 24 e 25 de julho, respectivamente nas cidades de Maquiné, Três Cachoeiras e Gravataí. A obra integra o projeto Frascos de Memória: Farmacinha Filhas da Esperança, contemplado pela Lei Paulo Gustavo (Lei Complementar nº 195/2022), por meio do edital "Pesquisa, Registro e Memória".
Escrita pela jornalista Anaiara Ventura, a narrativa resgata a Farmacinha como um território de afeto, transmissão de saberes tradicionais e emancipação das mulheres, revelando uma história coletiva construída a partir da força feminina, do vínculo com a terra e da medicina natural. Dividida em três partes, a obra revisita a origem da Farmacinha Comunitária de Maquiné, fundada em 1991 por doze agricultoras.
O primeiro capítulo destaca a trajetória da idealizadora Rafinha Duarte e da guardiã do espaço, Maria Teresa Gonçalves, que há mais de três décadas mantém vivo esse lugar de cuidado e de solidariedade. O segundo capítulo mergulha na questões de gênero e nas articulações políticas com o Movimento de Mulheres Camponesas (MMC), expandindo a ideia da Farmacinha para além do território local, formando outros grupos de mulheres pelo Brasil afora. A terceira parte reúne relatos sobre os atendimentos comunitários realizados com o uso de plantas medicinais e práticas inspiradas nos princípios da saúde integral, ainda presentes em seu cotidiano. “A história da Farmacinha impactou tanto o fortalecimento da vida de mulheres no campo, quanto a saúde da população das comunidades rurais mais remotas, em uma época em que o sistema de saúde pública não chegava nesses locais, como acontece hoje”, destaca a autora.
O livro foi feito de forma colaborativa, com base em entrevistas e pesquisas conduzidas por uma equipe de mulheres diretamente envolvidas com a Farmacinha. Além do acervo documentado por uma historiadora, a publicação traz em suas páginas, um ensaio fotográfico de Mirella Rabaioli, mostrando o cotidiano dos encontros. Essas imagens compõem a mostra física e virtual, que pode ser visitada na Farmacinha e no site, mesmo local no qual será disponibilizada a versão digital do livro. Já, sua edição física e limitada, será distribuída gratuitamente para bibliotecas públicas do Estado e às pessoas presentes nas rodas de leitura. Ao reunir testemunhos, imagens e memórias, Mulheres, Plantas e Luta se afirma como um registro sensível e potente de práticas de autocuidado coletivo, saberes ancestrais e força política das mulheres do campo – um convite urgente à reconexão com formas mais sustentáveis de viver.
Serviço:
Rodas de leitura abertas ao público – com distribuição gratuita do livro físico
23/07 – 14h–16h — Farmacinha Solidão, Maquiné RS
24/07 – 13h30–15h30 — Sede do MMC, Três Cachoeiras RS
25/07 – 14h–16h — Grupo CUIDI, Gravataí RS
Fonte: Dapraia News com colaboração de Anaiara Ventura